quinta-feira, 19 de junho de 2008

Horas Intermináveis

Era uma revolta, uma tentativa de liberdade que veio sobretudo com o medo da vitória de uma separação definitiva. Procurei durante a madrugada tomar uma atitude de independência, em meio à insônia.
Foi quando a lua clareou docemente o quarto, as coisas sairam frescas das sombras. Ouço os sinos da catedral tocarem, uma, duas, três horas. Percebi que o tempo é algo tão imaterial e poderoso. Acho que ele poderá me fazer esquecer.
Mas, como? Se minha mente traz à memória singelos momentos de alegria, misturados à raiva recente dessa nossa última (e definitiva) briga?
PARE!
Envolvo meu rosto com o travesseiro, apertando-o bruscamente contra mim. Não quero mais! Você me faz sofrer até quando não está presente, ligando-me à realidade desnudada. E mesmo quando me fere, ainda sim você se refugia em mim, e contra mim.
Percebo que me fragilizo e me escondo, enquanto as lágrimas correm, sem que eu mova um só músculo de minha face, chego a perder aquele terrível ar perfurador.
E se ainda não bastasse, não cessa essa acusação muda em que todas as coisas se aconchegam contra mim,
não cessa!
não cessa!
Cerrei os olhos em busca de uma fuga, dormir!Essa sim seria a solução.
Ah, Claro!Como se eu conseguisse!
Inconscientemente, ainda continuei muitas horas a me sondar, enquanto ainda a sinto palpitar dentro de mim.
Que sensação estranha!
Estou ficando com medo em meio a essa poça de sangue!
O que fazer?
Lembrei que tinha alguma coisa viva e doente em minha alma e que só ela poderia me ajudar, usando de toda a passividade que dormia em meu ser.
Essa atitude de indepêndencia que decidi tomar, realizou-se com sucesso apenas pela manhã, quando percebi que meus pensamentos e frustrações iam além de uma noite de sono.

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